Notícias

VOLTAR

Tony Abbott, Primeiro-Ministro da Austrália

28/08/2014Tony Abbott, Primeiro-Ministro da Austrália

Apesar da lenta recuperação após a crise financeira global, o mundo está em uma situação melhor do que frequentemente acreditamos.

Com o começo de 2014, é mais fácil ser otimista. Nos Estados Unidos, o crescimento econômico tende a aumentar para quase 3 por cento, com 1 milhão de postos de trabalho criados no ano passado. Na China, o crescimento tem sido moderado, mas é provável que se mantenha acima de 7 por cento. Até mesmo a zona do Euro está finalmente crescendo.

Obviamente, a recuperação ainda é frágil e o taper (redução das compras de ativos pela Reserva Federal) dos Estados Unidos necessitará de um hábil gerenciamento.

Não obstante, é importante ressaltar que a renda per capita pelo mundo aumentou em mais de 60 por cento só na última década e prevê-se que a classe média mundial cresça de 1,8 bilhão para 3,2 bilhões de pessoas em 10 anos. Em muitos dos países mais populosos do mundo, como China, Índia e Indonésia, muitas centenas de milhões de pessoas saíram da pobreza e agora integram a classe média.

Muitos desses índices são resultados diretos da nossa forma de pensar: é a convicção de que um comércio mais livre e governos menores fortalecerão a prosperidade; o instinto de que cidadãos mais capacitados podem fazer mais por si só do que o governo jamais poderá fazer por eles.

A lição deixada pela história recente é que o progresso real é construído sempre com base em fundamentos claros. Você não pode gastar o que não tem; nenhum país até hoje tributou ou subsidiou o seu caminho até a prosperidade; você não resolve o déficit ou os débitos contraindo mais débitos e déficits; e lucro não é uma palavra ruim, já que sucesso nos negócios é algo para se orgulhar.

Afinal, comunidades fortes não podem existir sem economias fortes para sustentá-las. Da mesma forma, não há economias fortes sem empresas privadas lucrativas. O desafio, em qualquer lugar, é promover o emprego e o crescimento sustentável, liderado pelo setor privado.

Esse ano, como Presidente do G20, a Austrália se encontra em uma posição única, capaz de promover o crescimento global. O crescimento econômico é o resultado tanto de boas condições globais quanto das políticas domésticas.

O G20 existe para lidar com os assuntos que vão além da capacidade individual dos Estados nações de resolvê-los por si só. Nossa agenda focará nos assuntos em que a ação internacional coordenada pode agregar mais valor, como por exemplo, comércio, infraestrutura, tributos e o sistema bancário.

Como sempre, o comércio vem em primeiro lugar, visto que, quando alguém negocia de forma livre de abertamente com outra pessoa, a riqueza aumenta.

O G20 deverá,  ao menos, renovar a sua determinação contra o protecionismo e a favor de mercados mais livres. Cada país deverá comprometer-se a liberalizar o comércio através de ações bilaterais, plurilaterais e multilaterais, de reformas domésticas, a fim de auxiliar as empresas a se engajarem mais plenamente com o comércio global.

Ao longo do tempo, o comércio beneficia a todos porque os países acabam por focar suas atenções no que fazem de melhor. Uma economia mais global, com investimentos transfronteiriços mais fortes, eventualmente auxilia a todos, uma vez que gera mais riqueza e, finalmente, permite a criação de mais postos de trabalho.

Um efeito colateral da globalização é a maior capacidade de tirar proveito de diferentes regimes de tributação.

O G20 lidará com a problemática que envolve as empresas que geram lucros e que buscam se beneficiar das oportunidades provenientes dos impostos ao invés das oportunidades advindas de mercados. O princípio essencial é que, normalmente, deve-se pagar impostos no país onde se obteve a receita.

Seria um grande passo se os líderes dos países que geram 85 por cento do PIB mundial concordassem ao menos com os princípios necessários para que a cobrança de impostos seja realizada de forma justa em um mundo globalizado.

Eu espero ter uma discussão franca com os líderes do G20 a respeito das questões mais proeminentes que enfrentamos, aí incluindo a digitalização e suas implicações nos impostos, no comércio e na integração global.

Quase todos os países têm uma infraestrutura deficitária e estão lutando para conseguir financiar a infraestrutura que precisam. A Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) estima que mais de $ 50 trilhões em investimentos em infraestrutura serão necessários mundialmente até 2030.

Deveria ser mais fácil conseguir que os projetos de infraestrutura sejam iniciados – e podemos fazer isso por meio da atração maior de capital privado para o seu financiamento, a partir de políticas mais sensatas de preços e práticas regulatórias melhores.

Minha esperança é conseguir reunir os formuladores de políticas, financiadores e construtores para identificar caminhos práticos para aumentar o financiamento em infraestrutura em longo prazo.

O G20 assumiu sua forma atual em resposta à crise desencadeada por práticas financeiras ruins.

A resiliência do sistema financeiro está sendo construída no centro do trabalho do G20: ajudando a prevenir e gerenciar o fracasso de importantes instituições financeiras globais, tornando os mercados de derivativos mais seguros e melhorando a fiscalização do sistema bancário paralelo.

A regulação do sistema financeiro será sempre um trabalho em curso; o desafio para as autoridades é se manterem a par dos desenvolvimentos e não se deixarem ser ultrapassadas por eles, como ocorrido antes da Crise.

Até onde cabe a Austrália, a tarefa do G20 é tornar mais fácil a vida das pessoas cujos governos têm a obrigação de servir. No fim das contas, o G20 não é sobre nós, que estamos no governo, mas sim sobre as pessoas, nossos mestres.

Fonte: Site G20


Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência. Ao navegar no site, você concorda com a nossa política de privacidade e uso de cookies.